Foi confirmado o que todos já sabiam ou desconfiavam. Em relatório divulgado recentemente o Conselho de Administração da Americanas (AMER3) reportou o resultado das diligências conduzidas a fim de apurar as inconsistências contábeis divulgadas ao mercado em janeiro deste ano.
Como era esperado pelo mercado, o Comitê Independente identificou um forte esquema de fraude contábil. Essa fraude consistiu na suposta contratação de bônus junto à indústria e contratos fictícios de verba de propaganda cooperada, que inflaram as receitas e o lucro da empresa.
A fraude envolveu a participação de ex-diretores e executivos da empresa, que ocultaram a situação patrimonial do mercado e do próprio conselho de administração.
Explicando em resumo, para manter o respaldo financeiro e lastro contábil, o custo das operações era reduzido utilizando como contrapartida contas patrimoniais de passivos a ativos da companhia.
As operações financeiras foram contratadas sem as devidas aprovações internas e consideradas na geração de caixa e o montante levantado e divulgado soma R$21,7 bilhões, número que escancara uma das maiores fraudes contábeis da história do país.
Foram diretamente impactadas as contas de fornecedores, através das operações de forfaiting, ativos foram super avaliados, bem como o seu patrimônio líquido.
A empresa que auditava a Lojas Americanas em 2023 era a PwC (Price Waterhouse Coopers), uma das quatro maiores empresas de consultoria e auditoria do mundo.
Podemos afirmar que a PwC foi responsável por avaliar as demonstrações financeiras da varejista, que revelaram o rombo bilionário causado por operações de “risco sacado”.
A PwC aprovou as contas da Americanas sem ressalvas na última auditoria de 2021, período alvo das “inconsistências contábeis”. A atuação da empresa de auditoria e dos profissionais envolvidos foi alvo de investigações por parte da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e pelo Conselho Federal de Contabilidade (CFC).
Acredito que este posicionamento da Lojas Americanas em informar ao mercado é uma tentativa de minimizar o impacto negativo da revelação e de se distanciar dos responsáveis pela irregularidade.
No entanto, a empresa ainda terá que enfrentar as consequências legais, regulatórias e reputacionais da fraude, além de recuperar a confiança dos investidores, fornecedores e clientes.
A empresa também terá que revisar seus processos internos de controle e auditoria, para evitar que novas fraudes ocorram no futuro.