Wagner Moraes é CEO da A&S Partners e especialista em macroeconomia e, para ele, o 1T23 está inferior ao seu potencial e destacou projeções para o segundo 2T23.
Quando comparado a 2022, o panorama da economia do primeiro trimestre deste ano teve vários âmbitos de melhoria, mas segue sendo marcado por preocupações. Segundo o CEO da A&S Partners, economista e especialista em macroeconomia, Wagner Moraes, já sem sentir os resquícios da pandemia que assolaram as empresas em 2022, este 1T23 foi bastante ruim e inferior ao seu real potencial de retomada do mercado.
“Os juros elevados ainda inibem a retomada do consumo, por outro lado a inflação se mantém ainda elevada, embora menos um pouco que no último ano, o que inviabiliza redução da taxa de juros, retomada de investimentos, aumento do emprego e do consumo. A expectativa do PIB para esse ano ainda se mantém bastante baixa, em torno de 0,9%, frente a uma expectativa de inflação de 5,90%”, destacou.
Ainda de acordo com Wagner. temas como endividamento das famílias, alta alavancagem das empresas com cenário de Selic alta e temores sobre a atividade global ainda devem preponderar nas análises e previsões para esse ano e afetar a capacidade de retomada do mercado.
Sobre os destaques positivos deste trimestre, Moraes evidenciou companhias como a de Petróleo, saúde e gás que tiveram bons índices e devem seguir em ritmo crescente, mas ressalta alertas para outros setores, como educação, varejo e combustível. “Por outro lado, os alertas ficam para as empresas atuantes no setores de distribuição de combustíveis, em função das reduções de preço do diesel, combustível de aviação e do óleo combustível, que devem afetar o valor dos estoques, levando a resultados ainda desafiadores para as companhias do setor. Já as empresas dos setores agrícola e educação também continuarão pressionadas pela alta alavancagem e possíveis retrações nos resultados. O setor de varejo poderá apresentar uma continuidade na retomada do desempenho, porém a situação das Lojas Americanas e a retração das linhas de crédito, além da elevação do custo do dinheiro, trazem um alerta muito grande para o setor, pois as grandes empresas estão sentindo e outras também deverão passar por dificuldades”, diz o economista.
De acordo com Wagner, o 2T23 poderá ter destaques não tão positivos para o setor de agronegócio, devido a queda no volume das empresas do setor, principalmente pela piora na produtividade e preços da cana-de-açúcar. “Porém, o setor de produção de grãos se mantém bastante aquecido, com destaque para a soja e milho. A indústria alimentícia deverá ter resultados melhores em função de ligeiro aumento de demanda e feriados importantes. A mesma coisa se aplica ao setor de turismo. O varejo ainda continua retomando as atividades, porém a demanda se mantém aquém do esperado. A economia global ainda se mantém desaquecida. A grande expectativa está na possibilidade de redução de juros por parte do governo americano, o que poderá estimular também a redução nos países emergentes, principalmente, no Brasil. Se isso ocorrer, poderemos ter uma melhora nas expectativas. Por enquanto, no Brasil, a expectativa é de redução dos juros para 12,5% ao longo desse ano, isso ajuda, mas ainda é insuficiente para uma retomada forte na economia”, finaliza.